O que é lipedema e como diferenciar da celulite?

O lipedema é uma doença, que afeta o sistema linfático do corpo e merece acompanhamento médico. Aprenda a identificar

Doença crônica, e que pode ser facilmente confundida com má circulação ou celulite, o lipedema é uma doença que afeta especialmente mulheres. Para entender o quadro, a médica dermatologista Mônica Aribi, explica como identificar os sintomas, como diferenciar de casos com cura e conta os tratamentos recém-chegados ao Brasil, para a doença.

O que é o lipedema?

A médica conta que essa é uma doença recentemente identificada.  “Lipedema é uma nova doença, uma entidade patológica, que nós médicos conseguimos diagnosticar. Antigamente era levada como gordura localizada, flacidez e celulite e, hoje sabemos que ela tem uma fisiopatologia única, então é uma doença específica”. 

“Para ser caracterizado como lipedema, o paciente deve ter algumas alterações, especialmente da circulação linfática”. O sistema linfático do corpo é o grande responsável pela absorção de lipídeos e pelo retorno do fluído intersticial para o sangue.

“A pessoa com lipedema tem uma circulação linfática deficiente e tendência a ter um acúmulo de água entre as células de gordura. A água existente entre as células de gordura fica parada naquele local, formando uma fibrose e puxando a pele para dentro, dando o efeito de ondulações”. Se a circulação não vai bem, há uma obstrução dos vasos, fazendo com que o líquido que seria drenado, ali fique parado.

A lipedema também afeta as fibras responsáveis pela firmeza e sustentação da pele, os fibroblastos. “Além disso, os pacientes costumam ter uma diminuição de fibras colágenas nessa região, justamente pela circulação deficiente. Os fibroblastos não são devidamente irrigados e a pele acaba ficando desnutrida, resultando em um colágeno deficiente”, explica a dermatologista. 

Quais regiões do corpo podem sofrer com o lipedema?

“É um inchaço bem resistente e que não responde a qualquer tipo de tratamento, como a celulite – apenas a um tratamento mais agressivo”, elucida a médica. 

Por se tratar de uma doença crônica, normalmente pode se identificar desde cedo. “Outro ponto para identificar o lipedema, é que o paciente  pode ter, desde os primeiros anos da adolescência, um edema superior a duas vezes o tamanho da perna, compreendendo a região desde a área dos joelhos até a raiz da coxa. Também pode ocorrer nos braços e nos glúteos, e geralmente segue esse aumento superior à parte do corpo próxima ao lipedema”. 

Como diferenciar o lipedema da celulite?

O diagnóstico deve ser sempre feito em conjunto com profissionais de saúde, mas o lipedema dá alguns sinais diferenciados da celulite.“A diferença entre celulite, inchaço e lipedema, é que o lipedema não tem cura. Ele pode ter melhoras, mas não damos alta para o paciente, o tratamento é feito de forma crônica”, conta Mônica. 

A celulite é um depósito superior de gordura sobre o membro do corpo, que resulta em pequenos furinhos sobre a pele, visíveis ao apertar a região ou em repouso. “Na celulite, conseguimos diminuir a ponto de dar alta. Se o paciente adota um estilo de vida saudável, com água e prática de esportes, ele consegue ficar sem o tratamento constante”.

“No caso do lipedema não: o paciente deve estar sempre em tratamento – inclusive o tratamento nutricional. Envolve uma série de especialistas: nutricionistas, nutrólogos, endócrinos, médicos vasculares, dermatologistas e até cirurgiões plásticos”. 

Os tratamentos para o lipedema

A médica conta que o tratamento mais potente, é super recente e o mais completo possível. “Em consultório, estamos usando um tratamento chamado MST – Multiple Thermal Stimulation – com um aparelho que acabou de chegar no Brasil, o New Era”. 

Ele atua em todas as frentes da doença. “É um aparelho com várias cabeças, de vários tamanhos e traz uma melhoria para cada camada do tecido, desde a hipoderme, derme e epiderme – inclusive circulação linfática. Tenho visto bastante resultado, porque ele estimula várias camadas envolvidas no problema, já que ele não atua apenas na gordura, mas também na drenagem, na circulação e na formação de colágeno, conseguindo resultados no lipedema”, finaliza.

Em casa, os cuidados devem ser básicos, porém regrados, com acompanhamento de um time médico multidisciplinar, hidratação diária, exercícios físicos, massagens e nutrição balanceada.

- Por Isabelle Guedes